Se o termo “UNDERGROUND”, em tradução direta, significa “SUBTERRÂNEO”… porque continuar à tolerar a reprodução dos padrões de comportamento exigidos pela “SUPERFÍCIE” desta sociedade em que afirmamos estar nos posicionando de forma contrária?! O que há de transgressor nas truculentas disputas de testosterona presenciadas nas “rodas” da maioria dos eventos?! A “lei do mais forte” não é a mesma defendida pela sociedade capitalista que tanto dizemos odiar?! Não é dela que a Polícia se utiliza nas ruas?! Pra onde vai o significado da repetida palavra “UNIÃO” quando mais uma vez as mulheres são identificadas como objeto sexual ao invés de serem respeitadas como integrantes da movimentação?! Pra onde vai o significado da repetida palavra “RESPEITO” quando mais uma vez as sexualidades que não se encaixam na heteronormatividade são discriminadas, odiadas e violentadas ou quando outras expressões culturais que mantém resistência contra as hegemonias são desrespeitadas por um discurso supremacista?! Qual a diferença entre estas atitudes e as de quem costumam nos enquadrar como “anormais”/”marginais”/”vândal@s”/”vadi@s”/”vagabund@s”/”criminos@s”?! As doses de preconceito e violência que enfrentamos diariamente não são suficientes?! Porque precisamos permanecer reproduzindo no interior de nossas relações os mesmos vícios sociais e opressões que odiamos?!
A “lei do mais forte” é um dos conceitos que formam a base ideológica de uma sociedade dominada pelo autoritarismo e despedaçada pelo capitalismo. Permanecemos sobrevivendo em meio aos escombros abandonados desta estrutura fascista. Estamos à margem da centralização, padronização, mercantilização e elitização cultural. Abaixo da superfície. Na base da pirâmide. Não precisamos continuar fortalecendo a manutenção de valores que são enfiados de cima pra baixo em nossas vivências / em nossas relações. MUDAR NUNCA TERMINA. Cada vez mais se faz necessário tentar rejeitar / abolir / rechaçar e propagar prevenção e combate contra a exploração, lucratividade, abuso de poder, autoritarismo, racismo, machismo, sexismo e especismo… dentro e fora do “UNDERGROUND”.
* Texto transcrito de um informativo editado e distribuído pela ZAT Cinzenta em outubro de 2017.
Disponível para download, juntamente com a faixa “Sobrevivência” do projeto INFOGUERRA:
